outubro 03, 2005

Choppes&Sopas

Os brasileiros são realmente um país irmão.
Para além de terem cabeça, tronco e membros como nós, partilham a nossa língua, o bem-amado português de Camões - com a vantagem de serem mais musicais e criativos do que os pacholas dos ‘tugas.
Imaginem que fui a semana passada almoçar com uns colegas a um restaurante, e alguns elementos da comitiva pediram sopa (as mulheres, claro está, porque os homens a sério só comem sopa se for da pedra e ali só havia creme de alho francês). Bem dito, bem feito, das bocas nativas saiu um simples e despido “São três sopas, faz-favor!”, enquanto as mãos rudes de quem trabalha diariamente no duro da Função Pública estropiavam já os indefesos pedaços de broa, ali deixados à mercê dos selvagens.
Dez minutos volvidos, já o massacre da broa tinha terminado há muito e alguém opinava “Deve estar a cag*# agora os alhos na cozinha, ó car@%ho!”, chega a Senhora Dona Empregada, nascida e criada em terras de Santa Cruz, com três lindas imperiais na mão. Ora, ninguém tinha pedido imperais, porque os funcionários da Função Pública não bebem álcool. E perante o nosso olhar atónito (adj.m.: Aparvalhado, esgazeado; mas-que-merda-é-esta?), a menina canta alegremente esta resposta: “Aqui têm seus três choppes, senhores.”
Cá está: um português nunca teria a imaginação suficiente para entregar uma bifana, se alguém lhe pedisse uma banana, enquanto um brasileiro não tem qualquer pejo em entregar três choppes em vez de três sopas. Enfim, podia ter sido pior; pelo menos eram Superbock…