novembro 10, 2004

A verdade escondida

Já descobri para que servem as portagens.
Decidi no Domingo ir à capital ver os Diários de Che Guevara (aqui na parvónia só estavam em cartaz filmes do tempo do Orson Wells) e como sou um tipo bem, meti-me no carro e reneguei o meu cartão LXViva (42 euros...) para o fundo da carteira. Toca a abrir direito à 25 de Abril, que já estava atrasado, até que cheguei à ponte do Seixal e (re)descobri as maravilhas das bichas (não, não estou a falar do Castelo Branco). Demorei 43 minutos a percorrer 5 ou 6 kilómetros, o que me permitiu exercitar os tendões e músculos dos pés e pernas na aeróbica do pára-arranca, treinar poses sexys ao volante, gastar uma pipa de massa em gasóleo e ouvir várias vezes as mesmas músicas nas playlists variadas das rádios portuguesas. Mas o melhor foi mesmo a descoberta da função das portagens. Não, ingénuo leitor, a portagem não existe para encher o cú dos políticos ou para fazer a manutenção da rede rodoviária (bem, talvez um bocadinho da primeira.). A portagem existe para nos fazer sentir que valeu a pena estar 43 minutos na bicha. Ora pensem lá: as coisas que conseguem ter de graça não vos parecem sempre de má qualidade, ou com defeito? Quando estão indecisos entre duas coisas semelhantes, não compram a mais cara porque é "melhor"? Então, como é que se iam sentir se depois de estarem tanto tempo no trânsito não pagassem nada? Era o mesmo que dizer que a "vossa" bicha, aquela onde gastaram parte preciosa da vossa vida, não prestava! E provavelmente iam ficar deprimidos, com dúvidas existenciais e até, talvez, pensamentos suicidas. E depois ainda dizem que o Governo não é amigo!...

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